Brasília - O Ministério das Comunicações já começou a estudar formas
para antecipar a conclusão da digitalização do sistema de televisão
brasileiro, que irá permitir o uso da faixa de frequência, atualmente
usada por emissoras analógicas, para a oferta da internet móvel de
quarta geração (4G).
Além de incentivos para as emissoras digitalizarem o sinal,
poderá haver maior oferta de crédito para que a população compre
aparelhos de televisão que já venham com o sistema digital embutido.
“Estamos fazendo estudos, temos que levar para o Guido [Mantega,
ministro da Fazenda], para a presidenta [Dilma Rousseff], mas achamos
que tem que ser. Queremos digitalizar de vez a televisão, acabar com a
época do chuvisco e do Bombril na antena”, disse o ministro das
Comunicações, Paulo Bernardo, à Agência Brasil.
Paulo Bernardo garante que o governo não vai permitir que o
sinal analógico seja desligado se ainda houver um grande número de
famílias sem televisores digitais, e avalia que é possível melhorar as
condições para a compra desses aparelhos. “Uma TV digital custa hoje em
torno de R$ 300, e acho que é possível fazer políticas para baixar um
pouco isso. Além disso, a classe C não compra à vista, e mede muito a
prestação. Com a diminuição dos juros, temos que batalhar para ter uma
prestação baixinha”.
No caso de famílias de baixa renda, principalmente quem está
no cadastro do Bolsa Família, poderá haver subsídios para a compra do
aparelho ou do conversor digital. Segundo o ministro, os recursos viriam
da arrecadação do leilão da faixa de frequência de 700 mega-hertz
(MHz), que será usada para a tecnologia 4G.
Uma portaria publicada hoje (7) no Diário Oficial da União
autoriza a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a iniciar os
procedimentos para a destinação da faixa de 700 MHz para a telefonia de
quarta geração (4G). A licitação para destinar a faixa de frequência
deverá acontecer em fevereiro ou março do ano que vem, segundo previsão
do ministro. Antes disso, a Anatel vai fazer uma consulta pública para
ouvir a sociedade sobre a questão.
Pelo menos duas exigências serão impostas às empresas que
vencerem o leilão para oferecer 4G na faixa de 700 MHz. A primeira é a
cobertura de serviço de telefonia móvel (voz) nas principais rodovias do
país, o que hoje não é obrigação das operadoras. “O celular na estrada é
importante, às vezes tem um acidente, quebra um veículo”, aponta o
ministro.
Outra exigência para as empresas será a construção de rede de
fibra ótica em cerca de 800 municípios onde há maiores concentrações
demográficas, para oferecer internet com velocidade de pelo menos 10
megabits por segundo (Mbps). Isso vai atender pelo menos 100 milhões de
pessoas, nas cidades onde não há ainda essa rede disponível. “Nossa
ideia é transformar a velocidade de 10 Mbps em uma coisa absolutamente
corriqueira”.
No ano passado, o governo já licitou a faixa de 2,5 giga-hertz
(GHz), também para a oferta de 4G. O ministro explicou que a vantagem
da faixa de 700 MHz sobre a de 2,5 GHz é o maior alcance, o que poderá
facilitar o acesso à banda larga móvel no interior e na área rural.
“Vamos ter que fazer um mix das duas. A 2,5 [GHz] cumpre seu objetivo
nas capitais, mas no interior, se entrar com a 700 barateia muito”.
Fonte: INFO
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