Brasília - Cientes de que terão de investir no aumento da capacidade de transmissão de dados por causa do crescimento da demanda brasileira, que ocorre acima da média europeia, as operadoras de telefonia fixa e móvel precisarão mudar as políticas de preço e de venda. A previsão está em um estudo apresentado hoje (30) pelo consultor da A.T. Kearney, Tiago Monteiro, durante o 56º Painel Telebrasil.
Segundo o estudo, o setor de telecomunicações investiu cerca de R$ 115 bilhões em redes fixa e móveis entre 2005 e 2011. Mas, para conseguirem aumentar esses investimentos e dar conta da demanda projetada, as operadoras terão, antes de tudo, de acrescentar novas regras visando a alterar a política de preços e vendas no varejo.
“Além de alterar as políticas de preços, será necessário que as cobranças [apresentadas pelas operadoras] sejam feitas levando em conta o volume consumido”, disse ao defender que haja algum tipo de acordo entre operadoras e os grandes provedores de conteúdo da internet, como os sites You Tube e Google, responsáveis por boa parte do aumento da transmissão de dados na rede mundial de computadores.
Para Monteiro, outra forma de as operadoras conseguirem ampliar a capacidade de dados seria a garantia de tráfego a partir de gestão diferenciada, o que colocaria em risco a questão da neutralidade da rede. Outro modelo sugerido pelo estudo prevê acordos bilaterais com o objetivo de oferecer melhor qualidade dos serviços.
Para as empresas, os investimentos poderiam ser maiores, caso a carga tributária não fosse tão alta no Brasil. Segundo o presidente da Vivo e da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), Antônio Carlos Valente, o setor investe anualmente 21% das receitas, “apesar de pagar R$ 6,8 milhões em tributos a cada hora”. A argumentação foi complementada pelo presidente da Oi, Francisco Valim: “Pagamos cerca de R$ 90 bilhões em impostos por ano.”